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Gestação, Maternidade
Me chamo Ana Luiza Ferraz, sou nutricionista materno infantil e trabalho há mais de 10 anos atendendo famílias no processo dos 1000 dias (gestação aos dois anos). Alimentação e sono são dois pilares essenciais para o desenvolvimento infantil, e se complementam.
Será mesmo que cada vez que o bebê acorda é por fome? Nos primeiros meses, os bebês dividem sua ingestão calórica durante as 24 horas do dia, com mamadas em livre demanda. Com o tempo e amadurecimento, eles tendem a conseguir emendar ciclos de sono, sem demandar de uma ingestão alimentar (mamar).
Os bebês, assim como nós adultos, possuem ciclos de sono. Nessa fase, os ciclos tendem a ter 40 minutos, e assim um novo despertar, onde o bebê pode voltar a dormir sozinho ou não. Quando chora, normalmente já atendemos e pegamos para dar a mamada. Com o crescimento, o bebê já consegue mamar um maior volume de leite e consumir alimentos sólidos durante o dia, podendo ter mais horas sem ingestão na madrugada. Mas também, com a idade e desenvolvimento (principalmente a partir dos 5 meses), o bebê tende a ficar mais associativo e associa seu choro como uma forma de comunicação, e não só como antes dessa idade (choro por necessidades fisiológicas).
Quando ele aprende a dormir de forma associada a algum padrão (mamando, sendo ninado, recebendo carinho), quando ele acorda na madrugada entre os ciclos de sono, tende a demandar esse mesmo padrão na madrugada. Então, dois grandes segredos para o estímulo da autonomia do sono do bebê são: tirar associações que dependem de você e colocar o bebê para adormecer no local onde irá dormir. Ou não é “assustador” dormir no sofá e acordar na cama? As associações podem ser retiradas aos poucos, por exemplo: se o seu bebê adormece sugando o seio ou mamadeira, você deve estimular que ele termine sem dormir e pode fazê-lo dormir ninando. Após 3 ou 4 dias, mais acostumado a esse novo padrão, você pode mudar para estar no colo sem ninar. O bebê pode apresentar sons e movimentos, como se estivesse incomodado, mas pode estar se ninando. Se chorar, você pode novamente ninar e, quando se acalmar, parar. E então, depois de alguns dias de adaptação, colocar no berço antes que pegue no sono. O choro do bebê é uma comunicação nessa idade e o mais importante é o acalento do responsável. Com paciência, o processo vai evoluindo e ficando mais fácil.
Tanto o estímulo da autonomia sem associação quanto adormecer já no local de sono são estímulos que você deve fazer nas sonecas e sono noturno. Durante a madrugada, você deve pegar o bebê e colocá-lo para dormir, dando o alimento e podendo dormir com associação. A grande questão é que ele vai aprendendo sobre a autonomia de dormir sozinho quando vai acordado para o local de sono (sonecas e sono noturno) e a madrugada passa a ser melhor (mais horas de sono sem necessidade de intervenção) consequentemente.
Importante lembrar que, nos três primeiros meses, o bebê passa pela fase de exterogestação (teoria que indica que tudo que imita o ambiente uterino acalenta), e você, como mãe, não precisa se cobrar de estabelecer autonomia, rotina ou ter medo de gerar vícios. Você pode ir testando essa autonomia, mas sem se cobrar constância. Com os meses e desenvolvimento, você consegue estabelecer melhor uma rotina (normalmente após 5/6 meses) e estimular com frequência a autonomia do sono.
Ana Luiza Ferraz
Nutricionista Materno Infantil
CRN4 16100196
Instagram: @nutricao_materno_infantil